Amigos Vampiros



Assunto tão repetitivo e banalizado nas redes sociais, impregnado de romantismo e idealismos, os textos sobre amizade já não nos comovem mais como antigamente. Muito pelo contrário, não temos paciência nem sequer tempo para ler colunas sobre relações de amigos, que não se cansam de elogiar a lealdade e se gabam da cumplicidade. 
Arriscamos desta vez a escrever um texto anti-amizade, mas que não desacredita na verdadeira essência dos laços fraternos. 

Com o passar do tempo, vamos mantendo os inquebráveis vínculos de amizade da juventude, mas já não temos tempo de encontrar esses amigos, já não temos ânimo para as farras, já não temos disponibilidade para todos os assuntos. Trilhamos caminhos distintos, adquirimos personalidades e gostos diferentes, moramos longe, desenvolvemos objetivos e razões de vida que em nada se assemelham. Temos consciência do amadurecimento uns dos outros, sabemos em quem confiar e concordamos que a faísca da amizade não morre nem se transforma com os rumos de vida divergentes. Caímos na real de que as amizades verdadeiras não carecem de atenção, não nos sugam energias. 

Partindo dessa maturidade que acreditamos ter conquistado, desenvolvemos um critério para formar e manter nossas amizades. Percebemos que a simples sintonia de pensamentos em determinados momentos da vida não significam amizade plena. Ousamos derrubar esse mito! Criamos a lenda dos amigos vampiros.

Nada mais são do que aqueles amigos com quem dividimos momentos de alegrias transitórias, que muitas vezes querem sinceramente nosso bem, que se ajustam em nossa mesma sintonia, são sensíveis conosco, mas que de uma maneira inexplicável, se alimentam de nossas forças, de nossos conselhos, esperanças e de nossas próprias convicções. E quando os deixamos estamos exaustos, fracos, chegamos até a questionar nossas próprias condições - que até então estavam perfeitas.  

Mas não há o que temer, pois pela própria seleção natural já mencionada, os amigos vampiros vão ficando para trás, pois são exatamente aqueles que precisam da companhia e da atenção constante para se satisfazerem, e se por algum motivo temos que mudar a rotina, o convívio e o meio, eles naturalmente nos deixam seguir nossas vidas. Já não nos procuram como antes, pois encontram outro sangue para beber. Embora já não se importem, por eles sofremos.

Quem são esses amigos afinal? Por qual motivo nos seduzem, nos atraem, nos envolvem? O que querem conosco os amigos vampiros? Seriam sugadores de energias, ou simplesmente pessoas mais fracas que contam com nosso alto astral para melhorarem? E nesse último caso, amizade funcionaria por caridade? Ainda não sabemos a resposta, afinal, essa lenda é ainda uma recém nascida.






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