Identidade Única





Batalhamos diariamente para criar nossa própria identidade e nos fazer presentes no meio em que vivemos. Temos todas nossas diferenças e acreditamos nelas para desenvolver algo maior. Sabemos que as peculiaridades de cada pessoa são importantes e essenciais para os relacionamentos, mas a convivência diária muitas vezes nos faz perder o encantamento inicial, de forma que as características, antes tão atraentes, passam a representar meros defeitos. E essa nova visão nos torça céticas quanto à evolução alheia. Passamos a desacreditar no sucesso e no avanço, por estarmos simplesmente contaminadas por críticas. E pior, passamos a expor essas críticas na nossa forma "honesta e construtiva", no intuito de melhorar e ajudar o outro, enquanto na realidade, não percebemos que estamos completamente cegas e enganadas quando às conclusões a que chegamos. Muitas vezes, o objeto do desapontamento é exatamente aquilo que existe de incompleto em nós mesmas e que, por sua vez, expõe nossos próprios defeitos, que até então escondíamos. Precisamos ser maduras o suficiente para não julgar e não desmerecer o comportamento alheio, para nos libertar da visão pequena que nos impede de ver os potenciais, e, com isso, compreender que as diferenças não tornam uma pessoa melhor ou pior, mas simplesmente: única.

Impressões



Somos resultado de uma mistura de impressões diversas que produzimos e absorvemos nas mais variadas situações. Diariamente, vamos cumprindo nossos roteiros, desenvolvendo nossos planos e lidando diretamente com pessoas distintas, com as quais nos relacionamos para contribuir, aprender, ensinar, construir, divertir e amar. Porém, muitas vezes, as impressões emanadas destas relações nos corrompem a lógica criando fantasmas inexistentes. Somos contaminadas por impressões de que não estamos agradando, impressões de que não estamos sendo suficientemente amáveis, ou suficientemente produtivas. Temos impressão de que algo está errado, mas não conseguimos identificar o que, nem o motivo. Ficamos impressionadas com pequenos gestos alheios que parecem por vezes rudes, amáveis demais, desagradáveis, ou ainda muito pretensiosos. Nos exigimos cada vez mais, pois queremos passar uma impressão de controle absoluto, de perfeição - aquela que já aprendemos que não existe. Buscamos interpretar ações, palavras e atitudes, de forma que nos colocamos no centro da atenção de uma roda da qual não fazemos parte. E assim,  não passamos uma boa impressão, e com isso sofremos ao interpretar um simples bom dia, ou pequenas mudanças de gestos. E basta um dia de reflexão para que possamos reorganizar as ideias e retomar nossas certezas. Percebemos que não precisamos impressionar ninguém, nem podemos nos deixar impressionar pelos outros. Sensações são meras sensações, não concretizam atitudes. Seguimos então sendo nós mesmas, com nossos próprios medos, nossos comportamentos típicos e nossas manias antigas. Continuamos sinceras nos nossos relacionamentos, agindo do nosso modo peculiar, dizendo o que pensamos sem nos impressionar com o externo e sem importar com as impressões que podemos causar.