Saída do ninho


Cada dia mais os jovens tem adiado o sonho de deixar a casa dos pais, morar sozinhos e iniciar uma aventura na vida adulta. 
Esse fenômeno tem crescido com o passar dos anos e vem sendo amplamente influenciado pelo momento econômico. 

Tomar a atitude de bancar suas próprias contas, estipular e manter o padrão de vida desejado e ainda economizar o suficiente para a aposentadoria, tem se tornado cada vez menos frequente antes dos 30 anos de idade. 

É certo que a geração anterior também encontrou dificuldades para alcançar a autossuficiência financeira, embora os obstáculos fossem de outro gênero. A questão é como contornar essa situação num contexto em que respirar gasta dinheiro e pensar custa caro.

Independência provoca um choque de realidade e também de maturidade, requer cuidados, disciplina, organização, controle e, não menos relevante, tranquilidade emocional. A solução está em um hábito muito falado, mas pouco praticado, do qual se fala com propriedade: planejar. Trata-se de analisar previamente as opções, balancear fatores favoráveis, refletir e graduar necessidades e futilidades. Realizar escolhas, evitar gastos desnecessários, desapegar, postergar. Perceber que existem outras formas de diversão e lazer menos caras, e que batalhar é preciso.

Encontrar alternativas, criar possibilidades, otimizar o tempo, relutar contra a vaidade sem perder o foco. E o planejamento antes de deixar o ninho seria mais facilmente praticado, uma vez que não existem tantas contas a pagar, tantos compromissos e responsabilidades, não existe casamento, não existem filhos ainda. Mas, embora na casa dos pais as regras sejam impostas desde “sempre” e as censuras sejam constantes, muitos ainda pesam se vale a pena deixar o ninho, onde tudo é encontrado de forma farta e certa, para arriscar a viver sozinho. E se não há o incentivo do casamento, do curso no exterior ou do emprego em outra cidade, sair de casa ainda se torna mais raro nos dias de hoje.

Não é uma tarefa fácil, principalmente no início, ainda mais quando por costume não se prevê o futuro em prol de um presente inesquecível típico de nós, jovens adultos. Mas, de que é feito o futuro, senão dos frutos do presente? O velho tema sobre colher o que se planta nunca fez tanto sentido. E se na contraposição entre independência e comodidade a primeira vencer, então é porque o momento de bater as asas chegou.



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