Podemos comemorar o Sete de Setembro?

Em pleno sete de setembro, percebemos que nunca antes em nossos vários setes de setembro realmente paramos para refletir o significado do feriado.

Talvez porque nossa geração não viveu momentos anteriores de ditadura ou de tamanha instabilidade política e econômica, mas fato é que no dia de hoje, mais que em outros, nos pegamos pensativos sobre o significado da comemoração da Independência do Brasil.

Questionamos se estamos realmente independentes ou ainda nos vinculamos a alguma forma de manipulação. Se independência não tem somente o aspecto externo de soberania frente a outras nações, mas também de autonomia e liberdade internas de gerenciamento e emancipação, focamos no aspecto interno ao próprio país para tentar entender a carga histórica do dia de hoje. 

Pensando no controle partidário sobre nossas empresas e sobre nossas fontes de renda, interferindo de tamanha maneira em nossa esfera privada, podemos realmente comemorar a independência do Brasil? Pensando no controle da maioria de baixa renda por uma minoria de altíssima renda, no sistema de saúde, educação e segurança que ainda "não existem" de forma plena. Pensando no índice de desemprego, nos índices de inflação e endividamento geral, podemos realmente comemorar o dia de hoje?

Distanciando mais ainda desses conceitos e aproximando do significado da independência para cada cidadão, isoladamente, ao pensarmos naqueles que vivem em condições miseráveis de vida, ou que vivem marginalizados por conta da grande discrepância social, e ainda os que trabalham forçados, em regime de escravidão, presos a uma terra por não poderem saldar suas dívidas decorrentes de um feudalismo atual, para esses existe alguma vantagem ou gratidão para comemorarem a independência do Brasil?

Não teria esse feriado perdido sua razão de existir? Não seria mais um prolongamento da folga do que uma questão de simbologia do passado? Aproveitando que hoje passa a ser um dia de intensa reflexão, deixamos a pergunta: Alguém hoje em dia tem tempo e cabeça para pensar na "Independência DO Brasil", quando na realidade não consegue ao menos sua própria "Independência NO Brasil"?