Envolvidas até a cabeça na causa da
luta contra o câncer de mama, Somosumaso saiu em busca de vivências e relatos pessoais
de mulheres que conseguiram superar o diagnóstico e voltaram a viver
tranquilamente nos seios de suas famílias.
Com muito cuidado e delicadeza, procuramos
entender os sentimentos envolvidos com o tratamento contra o câncer e
procuramos identificar quais as perguntas mais frequentes das mulheres recém-diagnosticadas,
de forma a ajudar outras mulheres que passam ou passarão por situação semelhante.
Acreditamos no poder da mente sobre o
corpo físico e compreendemos que cada mulher deve ser tratada como única e
respeitada durante sua jornada.
E apresentamos aqui o emocionante
relato de D. Margarida, uma senhora muito querida, amiga e incentivadora do
Somosumaso, dotada de enorme força e incrível coragem para expor seus
sentimentos e dividir com outras mulheres o aprendizado que a cura lhe
proporcionou.
Desde já, agradecemos do fundo do
coração a essa vitoriosa Mulher que há muito conhecemos em outra situação de batalha
pela vida!
O que
passou pela sua cabeça no instante imediato em que recebeu o diagnóstico? E nos momentos seguintes?
No instante imediato eu senti
insegurança e medo quanto ao sucesso do tratamento. Com o tempo fui me
acostumando com a ideia. Por ter sido no início, eu sabia que o tratamento não
seria fácil, mas bem sucedido.
A Sra. acredita que o conhecimento que possuía antes do
diagnóstico era suficiente à prevenção?
Sim. Pois conhecendo o
corpo, qualquer modificação é perceptível. Foi dessa forma, através do autoexame,
que eu descobri o nódulo na mama.
A Senhora
acredita que as mulheres hoje em dia estão realmente esclarecidas sobre os
exames preventivos? Se não,
seriam falhos os meios de comunicação, as campanhas ou as políticas de saúde?
Na minha opinião, as campanhas estão
conscientizando as mulheres, mas as políticas de saúde muitas vezes são falhas.
Além disso, também existe a questão da falta de tempo das mulheres de procurarem
um atendimento especializado.
Em algum
momento lhe faltou esperança? O que a Senhora
diria a outras mulheres que atualmente estão na luta diária contra o câncer?
Em momento nenhum me faltou esperança,
pois sabia que estava sendo bem acompanhada pela equipe do Hospital. Procurei
ficar o mais tranquila possível, mesmo durante as internações, devido à baixa
imunidade. Procurei também ocupar meu tempo fazendo coisas que tornavam a situação
mais suave.
Digo a outras mulheres que tenham fé e
que tenham certeza que o tratamento será bem sucedido. É necessário manter a
calma e ocupar a mente com atividades que as deixem alegres, assim o problema será
enfrentado com menor dificuldade.
Quais as
mudanças que a Senhora percebeu em seu corpo que afetariam a vaidade feminina e
acredita que interferem na "virilidade" feminina?
Foi minha opção ter feito a mastectomia
total. Em nenhum momento me sinto mal por ter retirado a mama para o sucesso do
tratamento. Não tenho vontade de colocar prótese, estou bem e procuro compor a
falta do seio de outra forma, por exemplo, com sutiãs de silicone.
O que a
Senhora acredita ter sido a causa de sua doença? Algo físico
ou emocional? Seria o
câncer um carma?
As coisas nos acontecem para que
possamos aprender e cumprir a nossa missão aqui na terra.
A Senhora se envolveria em uma campanha efetiva contra o câncer de
mama nos dias de hoje?
Sim, porque posso servir como um exemplo.
O que a
Sra. pensa sobre a campanha "outubro rosa"? Acredita em
sua efetividade?
Acho válida, mas a campanha deveria ser
feita durante o ano inteiro e em todos os locais. Principalmente com pessoas
menos esclarecidas.
O a motivou
a continuar tão serena durante o tratamento?
O amor à minha família, e,
principalmente, a mim mesma.
Em uma
reflexão de sua história, quais foram as situações de maior dificuldade e quais
as que a trouxeram mais alegrias?
As maiores dificuldades foram as três internações,
devido à baixa imunidade que a quimioterapia pode causar. Meu histórico de
saúde também já não era favorável, o que fez com que as internações fossem
muito longas e sofridas.
A companhia e carinho da minha família
e de nossos amigos. Revi pessoas que há muito não encontrava e pude perceber
como existem pessoas boas nesse mundo. (Alegrias)
Pensar em
Deus para você é:
Tudo.
O que te
motiva a viver?
O amor.
Qual é o
seu lema de vida?
Paciência, Viver, ser feliz e
cooperar com a felicidade de outras pessoas.
Em algum
momento você já pensou em desistir?
Nunca!
Como foi
contar para sua família o diagnóstico? Qual a reação de todos?
Minhas filhas estavam comigo na hora
que a mastologista confirmou o que elas já previam. No momento, a reação foi de
tristeza, mas ambas ficaram confiantes e me passaram força e segurança.
Quais os
conselhos você daria para as nossas seguidoras?
Que façam o autoexame de mama e,
anualmente, vão ao ginecologista para fazerem o exame preventivo. E que, se
forem diagnosticadas, que se mantenham calmas, procurem ocupar o tempo com as
atividades que gostam e evitem pessoas negativas.